segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O pensamento vivo de Andy Warhol



A filosofia de Andy Warhol - De A a B e de volta ao A (Cobogó, 272 pgs. R$43). Embora Warhol tenha assinado a obra, feita de encomenda em 1975, ela não foi escrita de próprio punho, mas pelos ghost writers Bob Colacello e Pat Hackett (a única coisa que o artista escreveu de próprio punho foi sua assinatura no contrato com a editora: a autoria novamente em questão… Por outro lado, Warhol também apenas assinava as serigrafias autênticas que sua equipe produzia). Colacello e Hackett deram forma a reflexões do artista sobre os mais variados assuntos, algumas delas bastante citadas, com um tom de depoimento confessional. Mesmo nos trechos aparentemente mais tolos e superficiais é possível enxergar a coerência de uma visão estratégica: vida e arte foram para Andy Warhol uma fabricação, estudada em seus mínimos detalhes e inserida numa lógica de indústria e espetáculo. Ele inventou um personagem para si próprio - e desapareceu dentro dele.
Formado no mundo da propaganda, Andy Warhol se transformou numa marca, numa idéia incorpórea. É claro que isso tem a ver com um processo de americanização da forma de se fazer e pensar a arte, por um lado, e com a crescente espetacularização da vida promovida pelos meios de comunicação, que tornam a imagem mais importante que a coisa em si, e a realidade uma obra de ficção em tempo real. Não foi à toa que ele trocou seu psiquiatra por uma televisão. Quem enxerga em sua obra uma crítica à sociedade de consumo não entendeu nada.

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